Queridas crianças e famílias, sejam bem-vindas de volta ao segundo semestre letivo de 2021. Desejamos muitos momentos de alegria, descobertas e muita animação.
Existe na educação uma prática que preza pelo entendimento do outro por meio da palavra, dando a ele a chance de apresentar seus sentimentos e opiniões sobre algo. Essa técnica é chamada de escuta ativa e tem o objetivo de facilitar o relacionamento entre adultos e crianças, através de uma comunicação mais assertiva.
Durante os processos de comunicação, é comum não absorvermos as informações expressas pelo interlocutor, ora pelo excesso de conteúdo apresentado, ora pela falta de concentração ou dificuldade de analisar e interpretar o que realmente está sendo dito. A escuta ativa, então, tenta quebrar esse ciclo, com o desenvolvimento de habilidades de comunicação que garantem um diálogo linear e eficiente, onde o ouvinte é capaz de realmente interpretar e assimilar todo o conteúdo que é expresso pelo interlocutor, de forma sincera.
A escuta ativa, como dá mais clareza e eficiência para a comunicação, tende a melhorar as relações interpessoais, seja criando novas ou fortalecendo aquelas que já existem. A escuta ativa também gera um interesse pelo outro, trazendo mais confiança tanto para quem está falando quanto para quem está ouvindo. É possível perceber isso na prática em situações corriqueiras do dia a dia, por exemplo ao analisar o quanto nos sentimos mais seguro ao falar com quem demonstra um verdadeiro interesse em suas palavras. Então, não só melhora as relações interpessoais, mas mostra para o emissor que você está mesmo preocupado em prestar atenção ao que ele fala.
Com a escuta ativa, não há julgamento. Você respeita as emoções, as experiências e os sentimentos dos outros – por mais que não concorde com eles. Então, podemos dizer que a empatia é como um benefício de se praticar os princípios da escuta ativa. Quanto mais você praticar, mais empático será. Mais tenderá a trabalhar a habilidade de se colocar no lugar do outro e deixar de lado questões pessoais que possam interferir no processo.
No relacionamento com as crianças, nós aprendemos a ‘escutar’ com mais empatia e compreensão as suas necessidades que são expressas através do choro, dos conflitos e dos sentimentos que manifestam. Para tanto, é essencial que estejamos atentos ao que as crianças tenham a dizer e abdiquemos de qualquer traço de autoritarismo, dando a elas confiança para se expressarem. Colocar-se sentada frente a frente ou se abaixar para falar com a criança é um passo importante. Além disso, é preciso olhar nos olhos, respondê-la com atenção e com linguagem clara.
Um dos principais benefícios dessa prática para a criança é o fato dela se sentir valorizada e respeitada. Além disso, ela se sente cuidada e amada. Há o sentimento de que os adultos não estão apenas de corpo presente, mas todo o seu ser se volta para ela nesse processo. Quando nos mostramos atentos e interessados ao que as crianças têm a dizer, reforça-se o vínculo e a confiança mútua. Elas recebem a mensagem de que suas opiniões e perguntas têm relevância. Quando são ouvidas, as crianças desenvolvem a reflexão sobre as suas próprias atitudes e aprimoram a capacidade de tomar decisões. Elas passam a confiar mais nos adultos com quem convivem e tendem a minimizar a ansiedade frente ao desconhecido. Outra vantagem está no próprio desenvolvimento emocional da criança. Ela aprende a ouvir e a escutar o outro. Aprende a respeitar as diferenças e a conviver com as pessoas que pensam diferente de si.
Com a escuta ativa, o adulto precisa estar atento para não confundir abertura ao diálogo com falta de limites. Como em qualquer tipo de educação, as regras da casa e do convívio social devem estar bem estabelecidas para que as crianças possam crescer e se desenvolver de forma segura e equilibrada. A grande diferença é que a disciplina é aplicada de forma a não reforçar uma relação de medo e agressividade, mas sim de identificação das crianças com uma figura de autoridade que ela admire e respeite pelo bom exemplo, não pelas ameaças. Na prática, a criança obedece porque ela quer e consegue entender que deve fazer aquilo, e não é apenas por se sentir coagida a agir daquela forma. Trata-se de uma relação muito mais saudável entre obediência, compreensão e respeito mútuo.
Pratique a escuta ativa e traga benefícios para você e sua família, desenvolvendo sua autoestima e sua autoconfiança, além de fortalecer o vínculo entre vocês.
Um abraço fraterno,
Direção do Jardim