18 de maio é a data escolhida para a conscientização da sociedade e autoridades sobre a gravidade da violência sexual de meninos e meninas. A melhor forma de proteger nossas crianças contra esse tipo de violência é nos informando e orientando corretamente as crianças desde cedo.

A violência sexual acontece de diversas formas além do contato físico, por exemplo mostrar material pornográfico para criança com a intenção de chocar ou de despertar o interesse nela, falar com ela de forma maliciosa ou erótica, mostrar-se nu para a vítima com a intenção de sentir prazer ou então espiar a criança tomando banho. Muitas vezes o processo de abordagem abusiva se inicia dessa forma.

A maioria dos casos de violência sexual começa sem o contato físico. O abusador não costuma chegar na criança já provocando dor ou assustando. É um processo progressivo. O abusador primeiro tenta conquistar a criança e fazer com que ela passe a depender dele. Ele se mostra uma pessoa interessante, legal, para que a criança goste dele, porque senão ele não consegue o que quer. Esse processo pode durar semanas, meses ou até anos. Para conseguir fazer isso o abusador tem que ter conquistado a confiança da criança, ele se faz de amigo, faz elogios, valoriza, dá atenção para a criança. Todas essas abordagens já tem a intenção de futuramente se tornar uma violência sexual com contato físico.

Para que a criança possa se proteger, ela precisa de ferramentas de autoproteção, que vão diminuir a sua vulnerabilidade e dar subsídios para que ela possa pedir ajuda, ter a capacidade de identificar os toques indevidos, de dizer não, de separar o que é uma relação saudável de uma relação abusiva, seja com os próprios colegas seja com os adultos à sua volta.

Uma dessas ferramentas é o conhecimento. A criança precisa conhecer o seu corpo, seu valor e importância, suas partes e suas funções. Esse conhecimento é construído de forma progressiva, pois em cada faixa etária a criança irá absorver as informações de uma forma diferente. A medida que vai crescendo ela vai tendo mais vocabulário, vai ampliando suas experiências. Assim como no desenvolvimento global, onde ocorrem as mudanças na parte motora, na linguagem e na coordenação, a criança vai vivenciando e experimentando, absorvendo de formas diferentes esse conhecimento.

Outra importante ferramenta é a criança saber identificar os toques permitidos e os toques proibidos. O toque permitido é aquele que todo mundo pode saber: pais, professora e amigos, como por exemplo dar a mão a um adulto conhecido para atravessar a rua. Já o toque proibido envolve o segredo, as partes íntimas quando não é para cuidar ou ajudar a criança, é o toque que invade a sua privacidade, como por exemplo forçar a criança a sentar no colo. Quando a criança aprende a diferenciar o toque saudável, que simboliza afeto, carinho e atenção do toque que é abusivo, ela é capaz de se proteger e pedir ajuda quando isso acontecer.

Então é necessário que a família tenha conversas de confiança e segurança com a criança. Dessa forma, caso ela passe por alguma situação abusiva, ela vai saber com quem contar. A criança precisa saber que não tem que se sentir envergonhada e nem sentir culpa, pois o abusador constrói uma situação para que a criança se sinta desse jeito e faz com que ela guarde segredo por ter medo de contar e ser punida. Caso a criança te procure para contar que aconteceu algo assim, acolha ela, tente manter um semblante calmo e diga que ela pode contar com você, que você acredita nela. E se você suspeita que alguma criança está sendo abusada, denuncie às autoridades para que as medidas necessárias possam ser tomadas.

Essa semana a professora Laís vai contar a história “Pipo e Fifi”, da autora Caroline Arcari abordando essa temática. Aproveitem a oportunidade para iniciar essa conversa com as crianças.

Um abraço fraterno,
Direção do Jardim


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *