Foi-se a época em que as brincadeiras de crianças eram vistas apenas como mero passatempo. Desde o início do século 20, quando estudos do psicólogo russo Lev Vygotsky apontaram para o avanço na capacidade cognitiva da criança ao brincar, o olhar sobre os jogos ganhou novas interpretações e assumiu importância no processo de aprendizado e socialização.
Hoje sabe-se que ao brincar e criar uma situação imaginária, a criança pode assumir diferentes papéis, indo além do seu comportamento habitual. Os benefícios da brincadeira, como conhecer o funcionamento do próprio corpo, dividir brinquedos com o próximo, criar regras e solucionar problemas, são incontestáveis. O importante é garantir que a criança tenha tempo para decidir como e com o quê brincar.
Bola, boneca, carrinho, peteca, jogos, panelinhas… Os brinquedos têm papel fundamental nas brincadeiras, sendo importantes para o desenvolvimento da linguagem, motor, cognitivo e social. Enquanto objeto e suporte da brincadeira, o brinquedo estabelece uma relação íntima com a criança, estimulando a representação e a expressão de imagens que evocam aspectos da realidade. Assim, os brinquedos colocam a criança em contato com reproduções de tudo o que existe no cotidiano, na natureza e nas construções humanas, reproduzindo não apenas objetos, mas uma totalidade social.
O ideal é que a seleção desses objetos seja realizada de acordo com o nível de desenvolvimento motor e cognitivo da criança. Segundo pesquisadores, nem sempre a idade sugerida na embalagem do brinquedo condiz com a capacidade motora e cognitiva da criança e com os valores da família. Tudo tem que ser muito bem avaliado e planejado de forma bem coerente, analisando o objetivo que um determinado brinquedo propõe e quais são suas influências na conduta, na personalidade, no desenvolvimento integral da criança.
A questão do brincar é tão séria, que um dos princípios da Declaração Universal dos Direitos da Criança diz que: “Toda criança tem direito à alimentação, habitação, recreação e assistência médica!” Sugere-se que toda pessoa em especial, pais e profissionais que fazem parte da formação de uma criança, tenham em mente o quanto é importante repensar na forma de apresentar, oferecer, ou proporcionar certo brinquedo ou uma brincadeira à criança, avaliando o que poderá lhe proporcionar.
A inatividade física dos jogos eletrônicos, a influência alimentar, a hiperatividade, a liberação de violência, o consumismo, entre outros fatores constituem exemplos das influências negativas dos brinquedos e brincadeiras na vida humana. O que se deve fazer é diminuir o uso de aparelhos, aumentar o índice de atividade física, utilizar brinquedos antigos, simples e que estimulem a construção de conhecimentos, o desenvolvimento motor e de funções cerebrais que são imprescindíveis e indissociáveis da vida, principalmente na infância.
Analise e conheça os gostos, interesses, faculdades e limitações da criança a quem vai oferecer um brinquedo, lembrando que as etapas de desenvolvimento são diferentes de criança para criança. Evite comprar brinquedos que agradam a você, dos quais a criança não participa ou que se mostrem muito complicados. Sempre que possível, deixe que a criança participe da seleção e compra do brinquedo e, se levá-la à loja, permita que pague no caixa. Manusear o dinheiro e aprender a contá-lo pode reforçar seu senso de responsabilidade.
Para ter certeza de que a brincadeira vai ser divertida e sem perigo, aos pais cabe não apenas preocupar-se em escolher corretamente os brinquedos e vigiar a criança que brinca, como também estimulá-la a ser responsável e, uma vez que são sua primeira propriedade, ensinar-lhe a usá-los e cuidar deles, tendo em vista, sempre, suas influências positivas e negativas no desenvolvimento infantil.
Brinque e divirtam-se muito em família!!!
Um abraço fraterno,
Direção do Jardim