Todos os pais querem ver seus filhos felizes, e ao vê-los passando por dificuldades, querem ajudá- los e superar os obstáculos. Porém é preciso cautela. A superproteção pode ser um risco para o desenvolvimento das crianças. Assumir que elas não vão conseguir algo e já resolver por elas não vai trazer um aprendizado. Não dar a oportunidade da tentativa e do erro vai fazer com que elas não aprendam lições essenciais para o desenvolvimento.

Não é possível aprender algo sem antes cometer equívocos. Eles fazem parte da aprendizagem: são obstáculos que as crianças ultrapassam quando estão em busca do conhecimento. O erro precisa ser tratado como algo normal. Isso não significa aceitá-lo de qualquer maneira, mas entender que faz parte da vida e essa chance de aprender não pode ser desperdiçada, pois faz com que as crianças se fortaleçam e estejam prontos para os demais desafios da vida.

Lembrem-se: as crianças repetem as atitudes dos pais, por isso é importante que vocês lidem assim com os seus erros também. Os pais devem ser o exemplo. Contar histórias em que erram, se atrasaram, ou falharam, ajuda a aumentar a conexão com as crianças e a mostrar que os pais também erram. A afetividade está diretamente ligada ao aprendizado. E essa conexão ajuda a criar um ambiente seguro para as crianças.

Para Maria Montessori, que foi uma grande pedagoga, o erro faz parte do aprendizado, mas quando apontado pelo outro, humilha. Por outro lado, quando a criança, sozinha, se dá conta do próprio erro, o resultado é aperfeiçoamento, autoeducação e autocorreção. O erro pode gerar um sentimento de frustração na criança, se logo na primeira tentativa ela errar, se sentir frustrada e imediatamente receber ajuda. Dessa forma ela vai entender que suas frustrações serão solucionadas pelos outros ou que não vale nem a pena se esforçar para ter o que querem. Ao invés disso, deixe-a tentar sozinha, estimule que ela siga tentando até conseguir ou dê mais ferramentas para que ela consiga, mas sem tentar fazer por ela ou dar a resposta imediata para um problema.

É importante destacar que deixar a criança errar não quer dizer deixar que ela faça coisas erradas, existe uma diferença enorme. O cenário em que ela está aprendendo e acaba errando é um totalmente diferente daquele em que ela comete erros de propósito, como não respeitando regras e pessoas, por exemplo. É preciso ensiná-la a ser responsável: isso significa assumir a responsabilidade por seus atos. Mostre a ela que não precisa ter medo de errar e que admitir seus erros é o primeiro passo para o aprendizado. Assim, ao invés de fugir dos erros, irá atrás da resolução.

Ao conversar com a criança, perceba a importância das suas palavras. Escolha as que valorizam e estimulam a sua segurança. Evitar os rótulos é fundamental. Dizer a uma criança que ela é “bagunceira”, não é a maneira ideal de gerar uma mudança positiva no seu modo de agir. Tente dizer: “seria bom se você deixasse de fazer bagunça”. Dessa forma você desaprova o comportamento, não a pessoa.

Também é importante dar oportunidades para a criança exercer a autonomia. Quando deixamos que ela faça as coisas por si, estamos mostrando que acreditamos e confiamos nela. Através do modo de falar, dos gestos e das atitudes, os pais auxiliam de forma importante e essencial a construção da autoestima da criança. Vale reforçar que a confiança, desde cedo, fortalece sua segurança, capacidade de realização e a efetiva habilidade de lidar, positivamente, com os desafios da vida adulta.

Demonstrem o amor que vocês sentem por seus filhos e valorizarem o percurso de aprendizagem a partir das tentativas deles.

Um abraço fraterno,
Direção do Jardim

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